sexta-feira, janeiro 20, 2006

noivado do sepulcro

epah adoro este poema, dei-o no meu primeiro 12º ano(ya e ironico dizer isto mas ta se)
lembro me perfeitamente k toda a turma odiou e so eu fikei com akele brilhozinhos nos olhos, epah basta dizer k toda a turma era beta excepto eu k na altura ja tinha tendencias de morte:P

noivado do sepulcro

vai alta a lua na mansao da morte
ja meia noite com vagar soou
que paz tranquila, dos vaivens da sorte
so tem descanso quem ali baixou

que paz tranquila!...mas eis longe, ao longe
funerea campa com fragor rangeu
branco fantasma semelhante a um monge
d´entre os epulcros a cabeça ergueu

ergueu-se, ergueu-se!... com sombrio espanto
olhou em roda...nao achou ninguem...
por entre as campas, arrastando o manto...
com lentos passos caminhou alem.

chegado perto duma cruz alçada
que entre ciprestres alvejava ao fim
parou, sentou-se e com a voz magoada
os ecos trites acordou assim:

"mulher formosa que adorei na vida
e que na tumba nao cessei de amar
porque atraiçoas, desleal, mentida
o amor eterno que te ouvi jurar?"

"amor!engano que na campa finda
que a morte despe da ilusao falaz
quem d´entre os vivos se lembrara ainda
do pobre morto que na terra jaz?"

"abandonado neste chao repousa
ha ja tres dias, e nao vens aqui
ai, quao pesada me tem sido a lousa
sobre este peito que bateu por ti"

"ai quao pesada me tem sido" e em meio
na fronte exausta lhe prendeu na mao
e entre soluços arancou do seio
fundo suspiro de cruel paixao

"talvez que rindo dos protestos nossos
gozes com outro d´infernal prazer
e o olvido cobrira meus ossos
na fria terra sem vingança ter!"

"oh nunca, nunca" de saudade infinda
responde um eco suspirando alem...
"oh nunca, nunca" repetiu ainda
formosa virgem que em seus braços tem

cobrem-lhe as formas divinas, airosas
longas roupagens de nevada cor
singela coroa de virginias rosas
lhe cerca a fronte dum mortal palor

"nao!nao perdeste meu amor jurado:
vês este peito?reina a morte aqui...
é ja sem forças, ai de mim ,gelado,
mas inda pulsa com amor por ti"

"feliz que pude acompanhar te ao fundo
da sepultura, sucumbindo a dor:
deixei a vida...que importava o mundo,
o mundo em trevas sem a luz do amor?"

"saudosa ao longe vês no ceu a lua?
-"oh vejo sim,recordaçao fatal!
-foi a luz dela que jurei ser tua
durante a vida e, na mansao final."

"oh vem!se nunce te cingi ao peito
hoje o sepulcro nos reune em fim...
quero o repouso do teu frio leito,
quero-te unido para sempre a mim"

e ao som dos pios do cantor funereo,
e a luz da lua, de sinistro alvor
junto ao cruzeiro,sepulcral misterio
foi celebrada, d´infeliz amor

quando risonho despontava o dia
ja desse drama nada havia entao
mais que uma tumba funeral vazia
quebrada a lousa por ignota mao

porem mais tarde,quando foi volvido
das sepulturas o gelado po,
dois esqueletos,um ao outro unido,
foram achados num sepulcro so.



soares dos passos

5 comentários:

EyeOfHorus disse...

Simplesmente lindo! Estranha forma de sentir aquela que nos leva a ficar presos para além do que a racionalidade consegue perceber. Apaixonarmo-nos pela dor, noivar a tragédia, enlaçar-nos para todo o sempre...
Um coração que marca um compasso de ausência, acalentada por tristes notícias que viajam nas asas do corvo.

Winterdarkness disse...

Que belo poema mana! Compreendo porque ficaste com o brilhozinho nos olhos!! A morte acaba sempre por ser a nossa "noiva" já que todos nós caminhamos para lá, ninguém lhe foge...

Misantrofiado disse...

O poema é lindo sim, sem duvida alguma. (obrigado pela força).
Quero cá voltar e ler algo teu... pode ser?

Beijo igualmente infernal.

Anónimo disse...

Eu tb era a mesma coisa, enqt o resto da turma odiava poesia, eu estava sp á espera de mais!!

Adorei o poema!! Fez-me lembrar d certa forma o Corpse Bride LOL

Beijokas, mana!!

Anónimo disse...

Eu tb gostei deste poema ...
A partir dele ... desdobro.me numa forma teatral .. estilo Fernando Pessoa (Decadentismo).

Pipa