ca esta uma das crónicas do jose luis peixoto e que adorei bastante:P
Amo-te
o dia começava a nascer no jardim.os patos começavam a deslizar na agua fria do lago, mas nao se distinguia um unico movimento nos seus corpos.
tinham as asas de encontro ao corpo e eram uma forma compacta de penas.muito devagar, levantavam as palpebras que cobriam os seus pequenos olhos e, muito devagar, encontravam toda a paz que cobria o jardim naquela manha de domingo.
ele nao via as ultimas gotas de orvalho que desciam pelas folhas das arvores.ele nao distinguia o silencio nos caminhos de terra entre os canteiros.
ele nao sabia que, nesse mesmo dia,como em todos os domingos,crianças correriam na direcçao dos baloiços.
Naquele momento da manha,existiam apenas brisas onde se podiam distinguir as formas futuras dessas crianças, das suas frases e dos seus sorrisos.
eram essas brisas que o envolviam com o cheiro verde da relva cortada na vespera e da terra humida.eram essas brisas que passavam pelas tabuas dos bancos.mais tarde,homens velhos iriam sentar-se ali e iriam lembrar-se de domingos que ele nao seria sequer capaz de imaginar.
num canto do jardim, com o rosto coberto pela sombra dela, sentia-se desprotegido.as suas maos eram inuteis.despenteado,com a camisa fora das calças,ainda nao se tinha deitado e, aos poucos, ganhava coragem para dizer-lhe a palavra mais dificil.a palavra que repetia dentro de si,em cada canto do seu interior, mas que lhe custava tanto a dizer.como se a sua propria voz nao lhe pertencesse.nao conseguiu olha -la de frente quando,em silabas lentas,foi finalmente capaz de dizer-lhe a palavra.uma unica palavra tao dificil.depois,levantou o olhar e,diante de si, a estatua continuava imovel.o dia começava a nascer sobre o jardim.o marmore era mais branco e mais frio naquela manha.
obrigado jose luis pelo optimo poema e inspiraçao que me das!kiitos:P
quinta-feira, novembro 10, 2005
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