quarta-feira, junho 15, 2022

Caminhos Entrelaçados

 Junto á janela sinto o teu respirar a tocar-me o rosto, nas noites frias de Dezembro. 

Olho a lua, com a certeza de que estamos sob o mesmo tecto, estrelado, limpo, amargurado.
Esboço um sorriso mal uma pequena brisa se levanta! É como se te aproximasses do meu canto de desassossego onde permaneço, cega e inconstante, com a mão pousada no coração sofrido! Reflicto o meu olhar de espera, directamente para as estrelas com a esperança de que saibas que te olho e guardo infinitamente. Caminhei nas pedras da calçada, quentes, e sentei-me na areia fria, tocando levemente a água que nos separava. Senti que ao estar perto do mar, era como estar ao teu lado a segurar-te as lágrimas vertidas pelo teu olhar de cristal, triste e encantador. Nas tuas lágrimas eu vi a beleza da tua alma, ainda que as tentasses esconder! Já a noite ía alta, escrevi o teu nome na areia, esperando que o mar o levasse, e mal as ondas tocaram a essência do teu ser, senti-me livre, porque soube que te iria rever. 
Enquanto a magia quebrava a noite clara, separei-me, por momentos, da água límpida que és tu. 
Descansei na janela esquecida, o telhado abandonado, que sou eu, cruzando o olhar nefasto e impuro com o paraíso celeste. Neste recanto, sinto-me perdida e confusa, faço um pacto com o demónio, porque os anjos já há muito caíram do meu céu, e, tento apagar da memória, o fruto proibido. Sou o nada, quero o nada, porque só sem o tudo conseguirei ser feliz. És o meu desassossego jamais abandonado. Espreito-te eternamente pelas cortinas da tua janela e observo-te deitado, olhado, enclausurado, no teu canto amargurado. 

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